Em meados de 1994 eu vi meu pai dando fim em vários livros grandes. Ele me disse que os livros ocupavam muito espaço e estavam desatualizados, e em pouco tempo teríamos tudo aquilo em CDs que rodariam nos computadores.

Naquele ano ja tínhamos um 486 DX-2 50 MHz e 4 MB de RAM que substituía o velho 286 de monitor monocromático (fósforo verde).

Fiquei curioso com aquilo, mas passou.

Em 1996 meu pai apareceu com um kit multimídia da Creative. Placa de som SoundBlaster 16 e leitor de CD de 4x.

O Clint do LGR tem um kit parecido, mas o leitor de CD era diferente
Minhas caixas de som são essas até hoje. Adoro a qualidade delas!

Nosso 486, à época já com 8Mb de RAM, ganhou um upgrade para 16 MB e um modem US Robotics Sportster de 33.600 Kbps.

Eu orgulhosamente tenho um desses lacrado!

Quando vi o 486 tocando música de CD (na época não existia o formato MP3) e rodando todos aqueles aplicativos que vinham em CD-ROM, incluindo a enciclopédia Grolier, um programa de geografia e um de sistema solar, eu sabia que aquele futuro do qual meu pai havia dito havia chegado.

Bons tempos de Grolier!
A abertura era muito bonita pra época.
E rodava no Windows 3.1.

Foi muito mágico ver tudo aquilo acontecer na tela com animações e sons, abrir sites com informações que não estavam armazenadas no 486 através da internet e poder imprimir tudo na HP DeskJet 600C.

HP Deskjet 600C. Era colorida, mas só suportava um cartucho por vez.
Imprimir preto no cartucho colorido saía caro!

Morávamos no interior e não tinha provedor - quando um surgiu, a qualidade era duvidosa - então nos conectávamos à internet por interurbano.

O provedor era a NutecNet, telefone (019) 236-2121, e o portal era o ZAZ. O telefone da NutecNet eventualmente mudou pra (019) 736-2121 quando as linhas se tornaram digitais, e (019) 3736-2121 quando ganharam o 8º dígito.

Portal do ZAZ. Infelizmente o encoding quebra no Web Archive.

Tempos depois minha mãe fez um trabalho sobre o DVD.

Era novidade na época, e ela dizia que o DVD era como um CD, mas cabia mais coisa e servia pra passar filmes.

As enciclopédias em CD ainda não tinham essas informações, então minha mãe tinha vários papéis com todo o tipo de informação pra compilar.

Fiquei muito curioso com aquilo e pensando em quando eu poderia ter a oportunidade de ver um. Parecia algo incrível!

Eventualmente eu conheci o DVD, porém somente anos depois. Uns 8 anos talvez.

Hoje a internet é algo natural. Não preciso discar e nem me conectar, deixo a cargo do meu roteador e nem sequer passa pela minha cabeça o fato de que talvez ele não esteja conectado.

A Wikipedia tem informações de milhares de CDs e é atualizada diariamente. O Netflix tem o catálogo de milhares de DVDs, mas com uma qualidade superior.

Eu uso um notebook que sequer tem a ultrapassada unidade optica.

Não armazeno nada em casa, mas tenho acesso a tudo.
Aquele futuro tão incrível e brilhante chegou. E ele ficou no passado. (=